Pesquisadores realizam monitoramento em Barra Longa

Estudiosos fazem coleta de informações nas propriedades de agricultura familiar beneficiadas pelo projeto Rio Doce de Novo do IBIO

Coletar informações técnicas para entender as características e a atual situação das propriedades rurais de agricultura familiar, de Barra Longa (MG), que foram impactadas pela deposição de rejeitos causada pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), e estão sendo beneficiadas pelo projeto Rio Doce de Novo, do IBIO. Com esse objetivo, pesquisadores e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), coordenadas pelo núcleo Indicadores de Sustentabilidade em Agrossistemas / Zoneamento Ambiental Produtivo (ISA / ZAP), visitaram a região, entre 3 e 5 de outubro.

As análises dessas coletas e do levantamento de informações vão permitir entender o cenário ambiental, econômico e social desses estabelecimentos rurais, além de um acompanhamento especializado das transformações alcançadas a partir das ações e atividades de adequação produtiva sustentável, promovidas pelo projeto Rio Doce de Novo, do IBIO.  “Esse monitoramento técnico é fundamental para mensurarmos os efeitos e resultados das soluções que estamos implantando na região, de forma a melhor qualificar nossa capacidade de prover a produção sustentável dessas propriedades trabalhadas”, esclarece Thomás Ferreira, especialista em agricultura sustentável do IBIO.

A atividade contou, ainda, com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação da UFMG, que aplicaram em campo os conhecimentos desenvolvidos nas disciplinas cursadas na universidade. Para os profissionais do IBIO, o envolvimento de pesquisadores, professores e estudantes contribui para validar tecnicamente as ações e soluções implementadas e fortalecer a parceria do IBIO com instituições de ensino, pesquisa e extensão. “A criação de uma rede colaborativa técnico-científica visa garantir a robustez e eficácia das metodologias utilizadas e alimentar a discussão sobre os principais resultados obtidos. Esse piloto vai permitir estruturar um sistema de monitoramento da relação entre o custo e a efetividade dessas atividades e tecnologias adotadas. O intuito é desenvolver um modelo de controle técnico-científico que possa ser facilmente escalável e aplicável nas demais regiões de interesse e prioritárias da bacia hidrográfica do Rio Doce, preenchendo, assim, uma crônica lacuna causada pela falta de informações e dados atualizados desses territórios”, enfatiza Marco Follador, gerente da área de ciência do IBIO.

O projeto Rio Doce de Novo

O IBIO recebeu, em março deste ano, os recursos doados pela banda Pearl Jam, no valor de US$ 33,333.00 (aproximadamente R$ 120 mil). O valor está sendo utilizado no desenvolvimento do projeto Rio Doce de Novo, que visa à capacitação em agricultura sustentável para recuperar e aprimorar o potencial de produtores rurais de municípios da bacia hidrográfica do Rio Doce, principalmente da Bacia do Piranga, afetados diretamente pelo rompimento da barragem do Fundão, como Barra Longa.

O projeto prevê, por meio da criação de duas unidades de referências tecnológicas (URT) em estabelecimentos rurais da região, disseminar tecnologias e boas práticas agrícolas que aumentem a eficiência produtiva e promovam a recuperação ambiental. Espera-se beneficiar mais de 3.500 pessoas direta e indiretamente.  Já foram realizados mais de 100 Cadastros Ambientais Rurais (CAR) e um curso de saneamento rural que mobilizou e capacitou agricultores familiares, agentes de saúde, gestores e técnicos extensionistas da região na construção, instalação e operação de fossas de evapotranspiração.

As próximas ações são a continuidade desse trabalho de assistência técnica. O sistema de manejo racional de pastagem com árvores, numa área de três hectares (3 ha), é uma das soluções que estão sendo desenvolvidas em parceria com os produtores. Entre 7 e 11 de novembro, será realizado um curso de manejo racional de pastagem gratuito, em parceria com a Emater-MG, em Barra Longa. Já os sistemas agroflorestais (SAF), como o restauro de áreas de preservação permanente (APP), também estão em andamento.  Outras ações já iniciadas são a proteção com o cercamento e recuperação da mata ciliar das nascentes e reservas legais, a instalação de mais de dez caixas de infiltração de água no solo (barraginhas) e das duas URTs de produção de leite.