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03/03/17 - Por: Assessoria

IBIO mobiliza produtores rurais na bacia do rio Barra Seca

Junto com o CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce e o governo do Espírito Santo, IBIO promove primeira reunião para apresentar o projeto de adequação ambiental no norte capixaba

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Mobilizar agricultores familiares dos córregos do Cupido e Pau Atravessado para o projeto que visa à adequação ambiental e produtiva nas bacias do rio Barra Seca e foz do rio Doce, no norte do Espírito Santo. Com esse objetivo, o IBIO, o Comitê das Bacias do Rio Barra Seca e Foz do Rio Doce (CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce) e o governo capixaba reuniram cerca de 30 produtores rurais em Sooretama (ES), em 21 de fevereiro, na Câmara de Vereadores do município, para a apresentação do plano de adequação ambiental rural.

O encontro foi o primeiro passo para a concretização das ações previstas no acordo de cooperação técnica para conservação das bacias do Espírito Santo, firmado em novembro de 2016, entre o governo do Espírito Santo, por meio do programa Reflorestar; Coca-Cola Brasil; Leão Alimentos e Bebidas; The Nature Conservancy (TNC), por meio da Coalizão Cidades pela Água e da Aliança pelos Fundos de Água; IBIO; e CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce.

A reunião contou com a participação de membros do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF), Reflorestar, Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), IBIO, CHB-Barra Seca e Foz do Rio Doce, Sindicato Rural de Sooretama, Cooperativa da Agricultura Familiar de Sooretama, reserva da Vale e atores envolvidos na gestão de recursos hídricos da bacia, além dos produtores rurais.

O primeiro tópico abordado foi a apresentação do CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce e seu papel perante a sociedade, realizada por sua presidente e atual secretária de Meio Ambiente de Sooretama, Dolores Colle.  O CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce abrange os municípios de Jaguaré, Linhares, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, São Mateus, Sooretama e Vila Valério. Para Dolores, o projeto é importante por estar bem alinhado à realidade desse território, focado na adequação ambiental rural para conservação de nascentes e áreas de preservação ambiental (APPs). “Por meio dessa iniciativa, vamos conseguir aumentar a área de proteção do município e a cobertura vegetal na região”, declarou.

Na sequência foram mostrados exemplos positivos da recuperação ambiental que comprovam que é possível ter água em abundância, mesmo em períodos de crise hídrica. Também foram apresentadas fotos de uma nascente situada na propriedade do cafeicultor, Francisco Rossini, conhecido como “Chico da Mata”, cuja propriedade está localizada em Vila Valério. O agricultor mantém uma área preservada e cercada, onde é produzida água em grande quantidade e qualidade.

Rossini é um dos produtores rurais que serão contemplados no projeto. Ele foi o primeiro produtor contemplado com recursos do Programa Reflorestar, no âmbito do arranjo institucional formado no Barra Seca e Foz do Rio Doce. “O Chico da Mata representa a prova do que o IBIO defende há 15 anos: o produtor rural precisa ser entendido como o `guardião da terra`. O agricultor é o nosso grande parceiro, pois sua atividade tem grande potencial para agregar o aumento da produtividade a recuperação ambiental nas propriedades rurais. Isso é possível e acessível”, enfatiza Eduardo Figueiredo, diretor-presidente do IBIO.

Entenda o projeto

O projeto de adequação ambiental tem o intuito de promover a recuperação florestal no norte capixaba e garantir a segurança hídrica da população. “A iniciativa prevê a recuperação de 100 a 150 hectares de vegetação nativa na região dos córregos do Cupido e do Pau Atravessado, localizados nas bacias dos rios Barra Seca e Foz do Rio Doce, que tem sentido os efeitos negativos da crise hídrica dos últimos anos”, explica  técnica agrícola do IBIO, Jaqueline Cozzer. Serão implementadas melhores práticas de manejo do solo e da atividade agrícola em 51 propriedades, nos próximos cinco anos, para ampliar a disponibilidade de água na região e nas áreas de influência. Saiba mais sobre o trabalho do IBIO neste projeto de adequação ambiental .

Com base em estudos

Todo o trabalho de adequação ambiental das 51 propriedades que serão envolvidas no projeto está baseado em estudos e levantamentos técnicos realizados pela equipe do IGEO do IBIO. Segundo Alisson Lopes, técnico ambiental do IGEO, esse trabalho nas bacias do rio Barra Seca e foz do rio Doce surgiu da necessidade de se priorizar ações de restauração florestal e recuperação ambiental nas regiões dos córregos do Cupido e Pau Atravessado. “O objetivo é atender, de forma assertiva, as demandas desse projeto, definidas de forma compartilhada pelos parceiros da iniciativa. A estratégia utilizada pelo IGEO foi exercitar um entendimento aprofundado sobre as particularidades dessas bacias e em que aspectos deveríamos atuar para alcançar um resultado melhor”, explica.

Para isso, foi necessária uma busca de informações junto a instituições públicas do Estado, como o IEMA/REFLORESTAR, Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), entre outros. “Entre os dados levantados, está o de uso e cobertura do solo, visto que o tipo de ocupação predominante no local afeta diretamente a disponibilidade hídrica na região”, destaca Alisson Lopes.

No âmbito da cobertura do solo, sem considerar a Reserva Biológica de Sooretama (REBIO), foi verificado que aproximadamente 80% da ocupação da terra está relacionada aos usos antrópicos, ou seja, resultante da ação do homem, tais como agricultura (42%), pastagem (24%), silvicultura (6,5%), solo exposto (4,8%), área edificada (5,8%), entre outros. Já o percentual de ocupação de massa d`água e a mata nativa representam 1% e 14%, respectivamente. “Esse cenário demonstra que ocupação e utilização do território avança sem a preocupação e aplicação de técnicas de manejo racional que possam garantir as condições mínimas de preservação do solo e das fontes hídricas.

Outros aspectos analisados foram: o comprometimento hídrico, levando em consideração a demanda sobre a disponibilidade hídrica nos rios emitida pela AGERH. E o potencial erosivo da bacia do rio Doce nessa região, para o qual foram considerados variáveis como o tipo de uso da terra, classes de solo, chuva e declividade do relevo. Todos os fatores receberam pesos, aplicados a uma soma simples entre eles para indicar as áreas mais vulneráveis.

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“A condição atual da área em que estamos implantando o projeto, bem como de grande parte da bacia, indica uma condição de degradabilidade muito grande, com expansão continua da agricultura e pastagens e redução da presença de vegetação nativa. Esse cenário potencializa a condição de falta de água e coloca em risco a produção de vários agricultores, levando ao acumulo de prejuízos ao fim do ano”, avalia Alisson Lopes. Assim, a iniciativa pretende inverter essa lógica de produção, estimulando e dando subsidio ao proprietário rural para recuperar suas áreas de APPs e nascentes, a fim de aumentar a cobertura florestal do local e permitir maior infiltração de água no solo, além de propor práticas agrícolas mais sustentáveis que envolvam técnicas de produção mais racionais.

 

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