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05/07/16

Vale não quer mais BHP como sócia

Folha de São Paulo - Piauí

IBIO

Foto: Cristiano Mascaro e Pedro Mascaro

O rompimento da barragem de rejeito de minério de Fundão, pertencente à mineradora Samarco – controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton –, afetou dramaticamente a imagem das duas maiores mineradoras do mundo. Tanto que a brasileira está revendo seus planos quanto à participação na Samarco. O diretor jurídico da empresa, Clóvis Torres, disse que tanto a Vale quanto a BHP estão preocupadas em mitigar os danos provocados pela tragédia. Passado o período de turbulência, no entanto, os sócios teriam que discutir a relação: a mineradora brasileira não quer mais trabalhar em joint venture com a BHP. O executivo não adiantou o que será feito, mas disse que se a Samarco sobreviver à tormenta e for autorizada a retomar suas atividades, as controladoras terão que decidir com quem ficará a companhia. Segundo Torres, caso a Vale se torne a única dona, a Samarco perderá a independência e será incorporada à companhia. Hoje, embora controlada pelas duas gigantes do setor, a Samarco tem uma gestão independente. Por se tratar também de uma grande produtora de minério, o Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, exigiu que a administração fosse separada para não caracterizar formação de cartel.

Torres evitou criticar abertamente os gestores da Samarco pelo rompimento da barragem que, em 5 de novembro do ano passado, matou dezenove pessoas e deixou um rastro de destruição ambiental que parte de Mariana, em Minas Gerais, e chega ao litoral do Espírito Santo. Mas informou que, se na negociação com a BHP ficar acertado que a Vale assumirá sozinha a Samarco, a empresa desaparece e passa a fazer parte da brasileira. “Esse acidente foi uma tragédia e um desgaste para nós. Nunca mais permitiremos que uma empresa fique fora do nosso controle direto. Não vamos admitir gestões separadas”, disse Torres.

O acidente também suscitou discussões na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Fiemg. O presidente da entidade, Olavo Machado, encomendou  ao Instituto Bioatlântica, Ibio, um mapeamento da bacia do rio Doce. De acordo com o estudo, se antes a bacia já estava comprometida, depois da invasão de lama a região entrou em estado de calamidade. Machado já disse a seus pares que, se nada for feito, em breve a região se tornará uma área estéril. Para ele, agora existe uma chance de melhorar as condições da bacia. Uma das propostas que a Fiemg quer discutir com a indústria mineira e o poder público é o fim das barragens de rejeito como as de Fundão, substituindo-as por uma mineração sustentável. Uma das alternativas é aproveitar os rejeitos na produção de tijolos, telhas, pisos e até na construção de estradas, o que contribuiria não só com a melhora do meio ambiente – já que as barragens são estruturas de grande poder de destruição –, mas para o desenvolvimento de uma nova indústria em Minas Gerais.

Fonte: Folha de São Paulo – Piauí

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